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Capítulo 15: XV

Página 237
Procurei cerrar os ouvidos à voz interior, que desde então me repetia sempre, até junto da cabeceira de minha mãe, cuja maior aspiração era, como sabe, ver-me padre. Mas em vão! Foi desde então uma dúvida constante com que lutava. Com a morte de minha mãe tudo mudou.

»Pela primeira vez respondi à interrogação, que havia tanto tempo dirigia a mim próprio, e consegui por fim responder: «Não». Eis o segredo do meu passado.

- E porque disseste «Não»?

- Porque vi que toda a minha vida era para a consagrar a um sonho; que o sonharia no altar, no púlpito e no confessionário; que para toda a parte me seguiria a imagem, a que eu já não podia renunciar, e a qual então já não contemplaria sem remorsos, como agora o faço. Foi por isto!

- Só? Não te iludirás a ti mesmo, Augusto? Repara bem, que nisso pode ir a tua felicidade! Estás bem certo de que não há uma esperança dentro do teu coração?

- Se a tivesse... - Ia continuar, quando julgou ouvir o rumor de passos na rua.

Cedo batiam na porta duas leves pancadas, e uma voz dizia, de fora:

- Está acordado ainda, Tio Vicente?

O ervanário trocou um olhar com Augusto. A voz era de Madalena.

Augusto ergueu-se com presteza. O ervanário quis retê-lo.

- Onde vais?

- Deixe-me sair. Não poderia vê-la agora. Não estou preparado com a minha indiferença.

- Pobre máscara! - Nesse caso sai pelo quintal.

- Tio Vicente! - repetia Madalena, de fora.

- Eu vou, minha ave nocturna; eu vou já. Espera - continuou em voz baixa para Augusto: - dá-me a tua palavra que não escutarás.

- Dou; mas... promete que nada lhe dirá?

- Eu?!... Louco! Assim te pudesse fazer esquecer, quanto mais... Adeus! Depois de assegurar-se de que Augusto saíra pelo lado do quintal, o ervanário foi abrir a porta da rua à Morgadinha.

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pág. 237 (Capítulo 15)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 237

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506