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Capítulo 17: XVII

Página 260
Cruzou-se com vários homens, mulheres e crianças, de aspecto doentio e sofredor, que voltavam de consultar o velho a respeito dos seus males; eram mancos, ictéricos, escrofulosos, crianças de aspecto raquítico e enfezado, os mais melancólicos exemplares do infortúnio humano.

- São os peregrinos que vêm de Meca - disse consigo o conselheiro.

- Pelo que vejo, a clientela do meu velho amigo ervanário mantém-se fiel, como dantes. Valha-nos Deus, que o meu severo censor não trata com muito respeito o código.

Entrou, enfim, a porta do quintal.

Poucos passos andados encontrou-se com o Zé P’reira, que vinha virando e revirando nas mãos um papel e monologando, segundo o costume:

- Ora! ora! ora!... Estragar o vinho de Nosso Senhor com esta mexerufada! Isso até era um pecado. Nessa não caio eu! O conselheiro interrogou-o sobre as causas daquele aranzel.

O homem, depois de cortejar, respondeu, mostrando uma receita que lhe dera o ervanário no virtuoso intento de lhe fazer aborrecer o vinho, causa dos seus males. A receita era extraída da Polianteia, e tinha por ingredientes uma cabeça e sangue de carneiro, cabelos de homem e fígado de enguia; mas o doente ia pouco disposto a experimentar-lhe a eficácia.

Depois de se separar do Zé P’reira, o conselheiro seguiu por uma rua de limoeiros, e como homem a quem era familiar a topografia do quintal. Cedo chegou à vista do ervanário, que dera audiência sub tegmine fagi.

Estava sentado à borda de um tanque, a que uma dessas árvores dava sombra.

O conselheiro saiu, enfim, detrás dos limoeiros e veio ter com ele.

Ao rumor dos passos, Vicente voltou a cabeça, e, depois de reconhecer quem era, retomou a sua primeira posição e ficou silencioso.

- Bons dias, Vicente - disse o conselheiro com familiaridade e parando defronte dele.

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pág. 260 (Capítulo 17)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 260

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506