Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 19: XIX

Página 295

O Torcato também vai.

- Que quer dizer? Que me dispensa?

- Não; mas que, se é só por condescendência que...

- É por prazer. É por devoção.

- Nesse caso... E Henrique foi procurar o chapéu para acompanhar as duas primas à igreja.

O Santo Amaro fora festejado com espavento na freguesia da sua invocação. Vésperas, missa cantada, duplo sermão, e procissão à volta da igreja, nada faltara para solenizar a festa.

O sermão da manhã fora pregado por o abade; o da tarde havia sido concedido ao missionário, que o aproveitara para uma das suas catequeses.

A procissão já tinha recolhido, quando chegaram à igreja a Morgadinha e Cristina, na companhia de Henrique e de Torcato.

Havia no adro muita gente e algumas barracas de doces e de café, como num arraial.

Pela porta principal da igreja engolfava-se a multidão, como em boca de sorvedouro, subitamente aberto no leito de um rio, se precipitam as águas impetuosas.

A fama que pelas aldeias circunvizinhas apregoava o nome do missionário, atraíra imensa gente a escutar o sermão.

As senhoras do Mosteiro romperam a custo por entre a compacta massa popular, que se amontoava à porta da igreja, e conseguiram, por deferência excepcional dos mesários, entrar pela sacristia para a capela-mor.

Tinha um aspecto melancólico o interior da igreja naquela ocasião.

Pobre de si e pouco alumiada, mais escura e lúgubre parecia com a extraordinária quantidade de gente que a enchia, na maior parte mulheres de roupas escuras e em que só alvejava o lenço branco que usavam à cabeça.

Apesar da quadra ir fria, como de Janeiro que era, respirava-se ali dentro uma atmosfera quente, abafadiça e pouco salutar.

Um surdo murmúrio formado por centenares de vozes rezando, a meio tom, orações e ladainhas, contrastava com as altas vozes de festa, que se escutavam lá fora, e requintava a triste impressão que se recebia ao entrar.

<< Página Anterior

pág. 295 (Capítulo 19)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 295

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506