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Capítulo 23: XXIII

Página 365

- É um pouco sujeito a adormecer em si esse precioso sentido - replicou Augusto no mesmo tom. - Nem sempre são tão observadas pelo senhor essas delicadas abstenções, como agora. Sei-o por experiência.

- Não são, desde que os interessados me ordenam que intervenha, e desde que a minha intervenção pode ser útil a amigos.

- Pois bem; como, por qualquer dessas causas, se deu o facto em relação ao objecto que me traz aqui, espero que me explique a natureza da sua intervenção.

- Mas com que direito me vem o senhor pedir aqui explicações?

- Com o direito que me dá a consciência, senhor! - respondeu energicamente Augusto, despojando-se de toda a aparência de ironia - com o direito que tem todo o homem, caluniado cobarde e infamemente, como eu fui, de provocar uma acusação aberta e leal. Direito? É mais ainda do que direito; é dever. É um dever para com a moral, é um dever para com a consciência, é um dever para com a memória daqueles que nos transmitiram um nome honrado.

- Muito bem; mas, admitido que seja esse direito ou esse dever, e não lho contestarei, por que singularidade acontece que seja eu a pessoa que tem de responder por tudo isso? Por acaso será este o pretexto, para depois do qual tínhamos adiado uma entrevista que supusemos necessária?

- Se houve pretexto para ela, foi da sua parte, e escolheu-o bem infame e vil. Não lho invejo. Da minha não é pretexto; é uma interrogação bem positiva e terminante. Todos os motivos anteriores, que podiam autorizar-me a procurá-lo, cessaram ante a impreterível exigência deste. Preciso de justificar-me, e por isso preciso de conhecer e de ouvir os meus acusadores.

- E imagina que sou eu quem devo auxiliá-lo na tarefa? Pelo menos devia escolher uma hora mais cómoda. Sabe que na Alvapenha se janta patriarcalmente ao meio-dia.

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pág. 365 (Capítulo 23)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 365

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506