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Capítulo 23: XXIII

Página 366
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- Não julgue que com essas ironias de mau gosto se esquivará a responder-me. Juro-lhe que hei-de obrigá-lo a falar com seriedade.

- E tem meios para isso?

- Faço-lhe a justiça de acreditar que sim; creio que ainda não estará tão envilecido que receba com um sorriso cínico o insulto que lhe infligir...

- É provável que não risse, no caso que diz; mas também não falava, acredite. Há, para interrogações dessas, respostas mais adequadas e discretas. Não tente; aconselho-o... Mas, valha-me Deus, quem lhe disse que eu não queria dar-lhe todas as explicações que souber? Sente-se, conversemos placidamente, que é a melhor maneira de ver claro as coisas. Não fuma?

Augusto, indignado com este frio sarcasmo, respondeu com veemência:

- Está-me causando tédio e compaixão ao mesmo tempo, senhor. Deve ter já uma alma bem corrompida para me receber assim. Ainda quando eu fosse um criminoso, se no seu carácter houvesse brio, dignidade e sentimento moral, devia a minha presença ser-lhe um espectáculo demasiado abjecto, para o não deixar sorrir, ainda que de sarcasmo; mas na incerteza em que está, em que deve estar por força, a só ideia de que pode caluniar um homem inocente, devia bastar para lhe fazer sentir toda a gravidade desta entrevista e obrigá-lo a atender-me como eu exijo ser atendido. Para não compreender isto, para não respeitar este sagrado direito que tem todo o acusado de se defender, é necessário estar corrompido até o fundo da alma. O cepticismo e a irreverência para com os outros só se dá em quem duvida de si próprio, e a si próprio se não respeita, porque se conhece. O senhor soube insinuar a calúnia no seio de uma família, cujos ânimos generosos não a receberam sem dor; e, quando o caluniado lhe vem pedir explicações,

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pág. 366 (Capítulo 23)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 366

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506