- Menos eu - exclamou o morgado.
- Se Deus quiser, também vossemecê se há-de lá enterrar.
- Diabos me levem se...
- Pelos modos - disse um padre do lado - eles enterram a rapariga no túmulo da família do conselheiro.
- Pois vedes; se eles são todos da mesma confraria! - ponderou o Pertunhas.
- E se não, é ver no outro dia o que o Herodes fez ao missionário! Então julgam que aquilo não foi combinação? - disse o padre.
- Dizem que o Herodes ganhou vinte soberanos para lhe bater - acrescentou um lavrador.
- A mim me disseram que trinta.
- Sempre uma pouca vergonha como aquela!
- E verão que não lhe sucede mal.
- Pois não, não; ele está ali, está na rua.
- Diz-se que o soltam à fiança.
- Não pode ser; aquele crime não tem fiança - ponderou um fazendeiro, que se tinha por muito visto em demandas e coisas da justiça.
- Ora adeus! Com o que você vem! Querendo eles...
- Aquilo parece uma seita.
- E ainda aí está? Pois já se sabe que eles são pedreiros-livres.
- E o tal lisboeta?
- Esse, então, é que é daqueles! O Sr. Joãozinho pestanejou, ouvindo falar de Henrique.
- Ah! É do tal petimetre que falam? No tal que foi para a igreja caçoar com o missionário? Sempre vocês são uns homens de lama, também! Ó Cosme - continuou, voltando-se para um alentado camarada que estava ao lado dele - olha aquilo connosco, hem? Onde estaria o amigo? O valentão sorriu modestamente, encolhendo os ombros.
- Pois, senhores - prosseguiu o Brasileiro, que não queria deixar arrefecer o entusiasmo e a irritação do público.
- Hoje decide-se a coisa... Daqui a uma hora está enterrada a pequena e depois... o uso faz lei.
- Isso é que é verdade - secundou o Pertunhas.
- Faz lei enquanto eu não me lembrar de ir desenterrá-la - respondeu, cada vez mais azedado, o Sr.