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Capítulo 25: XXV

Página 385
O enterro fazia-se com extraordinário aparato, não só em honra da família do Mosteiro, mas para desvanecer a má impressão dos ânimos populares por meio da pompa religiosa.

Era digno do pincel de um artista, a quem a poesia das cenas campestres ainda inspirasse, o cortejo, ao mesmo tempo melancólico e risonho, que, saindo da igreja, se encaminhava lentamente para o túmulo onde Ermelinda devia ser sepultada.

O Sol, quase a desaparecer sob o horizonte, entrava na estreita zona, que as nuvens não toldavam.

A paisagem inundava-se agora de luz, mas de uma luz froixa, amarelada, que dá ao verde da relva e das frondes das árvores uma maior intensidade.

A cruz de prata, que, arvorada por um homem de opa, abria o cortejo, reflectindo aqueles raios amortecidos, brilhava como cingida de uma verdadeira auréola. Seguiam-se alguns padres de sobrepeliz e batina, recitando as orações da ocasião; entre estes havia um de aspecto venerando, curvado pelos anos, de fisionomia bondosa e pensativa. Era o cura, santo e respeitável ancião que, em vez de exacerbar os preconceitos do povo contra os enterros no cemitério, antes energicamente os combatia e censurava.

Depois vinha, em caixão aberto, e no meio de uma numerosa companhia de crianças, Ermelinda, a quem a palidez da morte não dissipara a formosura.

Dir-se-ia apenas adormecida. Trazia nos lábios o sorriso da inocência.

As mãos cruzavam-se-lhe naturalmente sobre a túnica alvíssima que a cingia, a mesma com que aparecera no auto, e a cabeça, cercada por uma singela coroa de flores, conservava a graciosa inclinação que lhe era habitual em vida.

As crianças do acompanhamento tinham sido escolhidas, por Madalena e Cristina, entre as mais gentis da aldeia.

Era uma coorte de querubins humanados, qual deles mais louro e mais formoso.

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pág. 385 (Capítulo 25)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 385

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506