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Capítulo 30: XXXI

Página 467

Porquê? Porque amava Madalena, porque este amor não tinha nada excepcional; era inconscientemente apreensivo, ambicioso, devaneador e ciumento, como todos os amores verdadeiros; porque era aquele o seu sonho mais querido, e, desde que era obrigado a convencer-se de que não passara de um sonho, não se sentia de ânimo para fitar a realidade; porque era aquela a luz da sua alma, e, ao vê-la apagar, vacilou nas trevas e parou. Desde que não avistava um alvo, não havia para ele retrogradar nem progredir; era um movimento sem fim, que não valia mais do que a quietação.

Esta fora a causa do desalento de Augusto, que só então conheceu que se iludira com o estado do seu coração, que o que em si se passara era o verdadeiro amor.

Desde que teve de renunciar a ele, não fez mais um esforço para justificar-se da calúnia que pesava sobre si. Sentia-se indiferente à condenação do mundo. Já nem lhe importava justificar-se para com Madalena; era quase uma vingança que tirava daquela por quem sofria obrigá-la a ser injusta.

E a sua consciência quase achava voluptuosidade nisto! O ervanário fora vítima da mesma ilusão de Augusto e concorrera involuntariamente para o levar a este estado moral.

Das explicações dadas por Madalena na casa dos Canaviais, sabemos como, das meias palavras e meias revelações de Torcato, o ervanário acreditara que a Morgadinha combinara imprudentemente com Henrique uma visita nocturna à quinta dos Canaviais.

O velho, que suspeitara sempre da natureza dos sentimentos de Henrique para com Madalena, julgou ver naquilo a confirmação das suas suspeitas, e, de irritado que estava, nem escutá-la quis.

Voltando a casa, o velho lidou por muito tempo com a dúvida se deveria ou não revelar tudo a Augusto.

A noite cerrou de todo e deslizou com a lentidão de uma noite de Inverno, sem que ele tivesse resolvido o que faria.

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pág. 467 (Capítulo 30)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 467

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506