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Capítulo 31: XXXII

Página 477

Respeitou apenas as cartas de Ângelo, que releu comovido.

Falava-se em algumas de Madalena. O sobressalto do seu coração, ao ler aquele nome, era então mais violento que nunca.

Nestas pesquisas, veio-lhe às mãos um pequeno maço, que pertencera ao ervanário.

Ia para as queimar também, quando a inscrição, que viu por fora da cinta que as enfeixava, o fez hesitar.

Liam-se estas palavras: «Cartas de Madalena».

Cartas de Madalena! Este nome tinha no ânimo de Augusto o valor de uma tentação.

Cartas de Madalena! Era quase ouvi-la falar, prazer a que já tinha renunciado; era entrar em comunhão de pensamentos com ela, e infeliz de quem não concebe a casta voluptuosidade deste gozo.

Mas ao mesmo tempo hesitava.

Pertencia-lhe também aquele legado? Não seria um abuso lê- -las? Devia antes queimá-las, mas... eram cartas de Madalena. E depois, que mal poderia vir da indiscrição? Não tinha ele um coração que não devia abrir-se mais a ninguém? Encerrar ali qualquer segredo era encerrá-lo quase em um túmulo.

E que segredos podiam ser os de Madalena e Vicente? De que se poderia tratar ali, a não ser de algum afectuoso cumprimento da Morgadinha ao velho, que sempre tratara com íntima familiaridade, ou algumas meigas repreensões por a sua porfiada ausência do Mosteiro?

Augusto recordava-se até de o velho lhe ter falado na índole destas cartas.

Nas vésperas de renunciar para sempre à felicidade, devia-se- -lhe perdoar a tentação.

Abriu-as.

Não ia muito adiantado na leitura, quando já todos os sinais de hesitação cediam os lugares aos da mais irreprimível avidez. E, terminada a primeira, abriu, leu ou devorou outra, após outra e outra, até à última; da última voltava de novo à primeira, e cada vez mais profunda comoção parecia dominá-lo.

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pág. 477 (Capítulo 31)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 477

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506