Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 32: XXXIII

Página 493
.. quero dizer - emendou, olhando para Cristina - a felicidade que me procurou sob a forma da doença... Cristina pagou-lhe com um sorriso o galanteio.

O conselheiro, que ficara pensativo depois das primeiras reflexões que lhe ouvimos fazer, disse, suspirando:

- Estou sentindo verdadeiros remorsos pelo mal que por certo causei àquele rapaz com as minhas suspeitas. Mas que havia eu de fazer? As aparências eram-lhe contrárias!... E depois, nesta vida de política, aprende-se tanto e tão depressa a duvidar!... É sorte minha! Homens, a quem eu estimava deveras, foram exactamente os que mais fiz padecer! Senão, vejam: o ervanário, meu companheiro de infância, e que sempre me teve amizade, apesar das aparências rudes de que a revestia, dispuseram-se as coisas de modo que o privei da casa em que nasceu e talvez lhe apressasse com isso a morte... E ele, coitado, vingou-se nobremente; mas vingou-se, porque nunca mais me sairá da ideia aquela cena da igreja. Augusto, um rapaz que conheci pequeno, e já então de viva inteligência e de sentimentos nobres..., pois tudo se conspirou para o perder, e não só o privei do modesto lugar que ele exercia, mas até levantei contra ele uma acusação infamante e quase o expulsei de minha casa... É triste que a vida política me tenha obrigado a estas crueldades! Preciso de compensar de alguma sorte o mal que fiz. De que maneira lhes parece melhor?

- Eu, se fosse a si - disse D. Doroteia - fazia como a morgada, e o rapaz, em vez de vir a ser só padre, havia de se formar em Coimbra, como o reitor de Friande...

- Isso era se ele quisesse ser padre - acudiu D. Vitória -; mas parece-me que não quer. Nada, nada, eu o que fazia era demitir aquele velhaco do Pertunhas, e dava a este o lugar de mestre de latim, e arranjava que ficasse também com o correio.

<< Página Anterior

pág. 493 (Capítulo 32)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 493

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506