A caminho do ponto onde estava amarrado o vapor, não encontrou ninguém; soltou para bordo com audácia, pois sabia que só ali havia um guarda, que costumava deitar-se e dormir como uma pedra. Desamarrou a lancha, deixou-se escorregar para dentro dela e começou a remar com grande cautela. Quando chegou a três quartos de milha acima da aldeia, pôs-se então a remar com mais vigor para atravessar o rio.
Foi-lhe fácil encontrar o lugar que queria na outra margem, porque já estava habituado a esse trabalho. Pensou em capturar a lancha, pois, podendo esta ser considerada um navio, era presa legítima para um pirata, mas sabia também que haviam de procurá-la insistentemente e acabariam por dar com eles; por isso saltou para terra, e encaminhou-se para o bosque.
Ali sentou-se a descansar, fazendo o possível por não adormecer; depois pôs-se a caminho. A noite estava quase acabada e já era dia quando chegou em frente da ponta da ilha. Tornou a descansar, e só depois de o Sol ter nascido, dourando o rio com a sua luz, ele se deitou à água. Pouco depois parou, a escorrer, junto do acampamento, e ouviu Joe dizer:
- Não, Huck, Tom é leal e há-de voltar. Não nos abandona. Sabe que isso seria uma vergonha para um pirata, e Tom é orgulhoso de mais para o fazer. É que anda a tratar de qualquer coisa. Gostava bem de saber de quê!
- Seja como for, o que ele deixou é nosso, não é verdade?
- Quase, mas ainda não, Huck. Ele escreveu que era tudo para nós se não estivesse de volta ao pequeno-almoço.
- Mas está! - exclamou Tom, radiante com este efeito teatral e encaminhando-se solenemente para junto dos companheiros.
Prepararam um sumptuoso almoço de toucinho e peixe, e, quando se sentaram a comê-lo, Tom contou as suas aventuras, enfeitando-as muito.
Quando acabou, todos eles se sentiam cheios de vaidade e se consideravam um grupo de heróis famosos. Então Tom escondeu-se num canto sombrio, para dormir, e os outros piratas prepararam-se para pescar e explorar.