A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 32: XXXIII Pág. 492 / 508

a Morgadinha, e dizia:

- Venceste, Lena! Agora está bem provada a inocência dele, até para os que mais duvidavam!

- E quem não duvidaria? - acudiu o conselheiro, como para se desculpar da desconfiança.

- Quem o conhecesse bem, meu pai - respondeu Madalena, a quem a comoção recebida dava animação ao olhar e ao semblante.

- Eu e Ângelo, por exemplo.

- E então eu? - acrescentou Cristina. - Eu não entro na conta?

Esta reclamação valeu-lhe da parte da prima a paga do beijo que recebera.

- Olhem o pobre rapaz! - dizia D. Vitória, sinceramente consternada.

- E eu que o tratei tão mal! Bem me dizia ele: «Não tenha pressa de dizer nada a seus filhos, minha senhora; não lhes ensine a duvidar de um homem que eles se costumaram a amar e a respeitar». E o caso é que eu, desde que lhe ouvi dizer aquilo, de um modo tão sério e triste, fiquei ressentida e não disse nada às crianças, que todos os dias me perguntam ainda por ele.

- Mas... - dizia D. Doroteia, deveras embaraçada - eu não sei ainda bem do que se trata. Pois suspeitavam de Augusto?... Mas o quê?...

- Ó tia Doroteia - atalhou Henrique - por quem é, não insista na pergunta. Depois que se sabe que uma suspeita é falsa, não há nada que mais escalde os lábios do que obrigá-la de novo a passar por eles.

- Tens razão, menino. E que precisão tenho eu de saber uma coisa que não é verdadeira? Mas na verdade! Suspeitarem de Augusto! Ah! Henrique, está-me a parecer que também tu tens esse pecado a pesar-te na consciência. Ora anda lá.

- Não, tia. Há muito que lhe faço justiça. Ao princípio não digo que não. Mas durou pouco tempo e já estava arrependido. Augusto convenceu-me pela maneira com que me falou, convenceu-me sem provas, e até se, em expiação, me não pus em campo a auxiliá-lo a justificar-se, é porque ele exigiu que me abstivesse disso, e, depois, o meu desastre.





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