As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 25: Capítulo 25 Pág. 120 / 174

- Então como havemos de saber debaixo de qual delas é?

- Procurando em todas.

- Oh! Tom, mas isso vai levar o Verão inteiro!

- E que mal faz? Se encontrarmos uma panela de folha com cem dólares lá dentro, ou uma arca cheia de diamantes, que tal te parece?

Os olhos de Huck brilharam.

- Parece-me da primeira ordem! Pelo menos para mim. Dá-me só os cem dólares, que não quero diamantes.

- Está bem. Mas olha que os diamantes também não são para desperdiçar. Há uns que valem vinte dólares, embora outros não valham tanto.

- Palavra? Isso é possível?

- Certamente que é, qualquer pessoa te dirá o mesmo. Nunca viste nenhum, Huck?

- Que me lembre, não.

- Oh! Os reis têm montões deles!

- Eu nunca vi reis, Tom.

- Sim, calculo isso. Mas, se fosses à Europa, havias de vê-los, ali, a saltar.

- Eles saltam?

- Saltam? Palerma! Não.

- Então para que disseste que saltavam?

- Oh!, homem, pois não vês que é uma maneira de dizer? Para que haviam de saltar? Quando disse a saltar queria dizer que havias de ver muitos à tua volta. Tal como esse velho corcunda chamado Ricardo.

- Ricardo quê? Que mais se chama ele?

- Não se chama mais nada. Os reis só têm o nome que lhes dão.

- Sério?

- Sério.

- Se gostam assim, deixá-los lá! Mas eu não gostava de ser rei e ter o nome que me quisessem pôr, exactamente como se fosse um preto. Olha, onde vamos nós cavar agora a seguir?

- Não sei, mas talvez pudéssemos ir à raiz daquela árvore seca, no caminho de Still House. Que te parece?

-Acho bem.

Assim, com uma picareta torcida e uma pá ferrugenta, puseram-se os dois a caminho, dispostos a andarem umas boas três milhas.

Mal chegaram, ofegantes e cheios de calor, atiraram-se para a sombra de um ulmeiro próximo, para descansarem e fumarem um bocado. - Gosto disto - disse Tom.

- Também eu! - concordou Huck.

- Ouve lá, Huck, se achássemos aqui muito dinheiro, que farias tu com o teu quinhão?

- Todos os dias comia empadão e bebia um copo de gasosa; além disso, ia a todos os circos que por aí aparecessem. Ia ter uma rica vida, ai isso ia!

- E não guardavas dinheiro nenhum?

- Guardar dinheiro para quê?

- Para ter com que viver mais tarde.

- Não valia a pena. Qualquer dia aparecia aí o meu pai, deitava-lhe a unha e aquilo era um ar, se eu não o gastasse antes disso. E tu que farias, Tom?





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