Ilíada - Cap. 28: Capítulo 28 Pág. 144 / 178

Entretanto, o Xanto não sossegara ainda a sua fúria. Pelo contrário, cada vez se encapelava mais para embaraçar os passas de Aquiles. Com o intuito de impedir o avanço do herói, resolveu convocar o Simoente, Outro rio que corria pela mesma planície.

— Caro irmão — disse ele —, vem reunir as tuas águas às minhas, para ver se conseguimos deter este homem. Do contrário, antes do pôr do Sol ele terá destruído a grande cidade de Príamo. Os troianos já não têm forças para se defenderem. Faz um apelo às tuas fontes e vem para cá arrastando pedras, árvores e rochedos para atirá-los contra este insolente.

" Ouviu o Simoente o chamamento do irmão e avançou com toda a sua fúria, precipitando-se no encalço de Aquiles. Este já se achava mergulhado ate à cintura, fazendo esforços desesperados para se livrar das águas.

Ao ver a situação de seu protegido, Juno chamou Vulcano e disse-lhe

— Corre, meu filho, e ateia um fogo ao turbulento Xanto. Eu irei buscar o Zéfiro e o Noto para soprarem uma avassaladora ventania e facilitarem o incêndio. Queima tudo: árvores, arbustos e as próprias águas do rio. Mas não te deixes aplacar por súplicas nem imprecações. Só te detenhas quando eu te fizer sinal.

Não esperou Vulcano segunda ordem e, precipitando-se do Olimpo; sobre as margens do rio, ateou-lhe um violento incêndio. O sopro dos dois Ventos poderosos, o Zéfiro e o Noto, fazia com que as chamas se erguessem a uma altura espantosa. O Xanto não viu outra solução senão render-se inclinando-se diante de Vulcano, disse-lhe:

— Nenhum dos deuses pode rivalizar contigo e muito menos eu. Está bem. Uma vez que assim queres, deixarei de perseguir Aquiles. Que se defendam os troianos como puderem!

Assim falou o rio com as suas águas em ebulição. Juno, que o escutara atentamente mandou Vulcano apagar o fogo e a calma voltou a reinar no vale banhado pelo Xanto.





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