Ftia era um pequeno reino da Tessália, governado por Peleu. Já não muito jovem, Peleu apaixonou-se por Tétis, deusa do mar e filha de Nereu, o deus do cabelo e da barba azul que morava nas profundezas do mar Egeu, com a esposa Dóris e as suas cinquenta filhas.
A bela Tétis, embora fosse uma das deusas menores, desdenhava da paixão do mortal e fugia dele, transformando-se em fogo, água, serpente ou feroz leoa. Mas Peleu não se deixava intimidar e, finalmente, ajudado pelo deus marinho Proteu, obrigou-a a que cedesse à sua paixão e a que anuísse em ser sua noiva. Seria a única deusa a casar-se com um mortal.
Aos esponsais de Peleu e Tétis, realizados no monte Pélion, na Tessália, compareceram todos os deuses e deusas trazendo presentes consigo: dois cavalos imortais, uma espada, uma armadura de ouro e outras oferendas. Éris, a deusa da discórdia, foi a única que não recebeu convite, pois ficaria deslocada no ambiente de alegria próprio do casamento.
Porém, no auge da festa, ei-la que surge entre os convivas; e, furiosa devido ao desprezo a que tinha sido votada, vingou-se atirando para o meio deles o pomo da discórdia: uma maçã de ouro com a seguinte inscrição: "Para a mais bela." De imediato, estalou entre as deusas a disputa pela posse da maçã; disputa que se prolongou por muito tempo no Olimpo.
Menetes, governador da cidade de Opunte, que ficava muito próximo de Ftia, tinha um filho chamado Pátroclo. Na infância, este matara, sem querer, um amigo da mesma idade. A conselho do pai, fugiu para Ftia, onde foi muito bem recebido pelo rei Peleu que fez dele o companheiro de seu filho Aquiles. A partir daí, a amizade estabelecida entre ambos tornou-se tão sólida que nem por um só dia se separaram. Alguns anos mais tarde, Pátroclo, à semelhança da maioria dos reis e príncipes da Grécia, era pretendente à mão de Helena, filha de Tíndaro, rei de Esparta, famosa em todo mundo pela sua beleza extraordinária.