Doze dias se haviam passado quando Júpiter, seguido do seu cortejo, regressou às celestes moradas do Olimpo. Tétis, que aguardava aquela ocasião, surgiu das brumas do mar e correu à presença do poderoso deus. Ajoelhou-se a seus pés e, afagando-lhe o queixo com a mão, fez-lhe esta súplica.
- Júpiter Olímpico, em recompensa pelos serviços que um dia te prestei, peço-te agora que vingues o meu filho. Faz com que os troianos prevaleçam na guerra até que Agamémnon devolva a Aquiles a donzela roubada e que todos os gregos lhe prestem as devidas honras.
Não respondeu ele de imediato, mas Tétis continuou insistindo, até que ouviu do poderoso deus as seguintes palavras:
- O que receio é que tenhas vindo trazer discórdia ao Olimpo. Se Juno, minha esposa, se aperceber da tua presença, encher-se-á de ciúmes e excitará a minha ira. Já vive ela a dizer que ajo em favor dos troianos. Peço-te portanto que te retires imediatamente e que ela não saiba que aqui estiveste. Farei depois o que desejas e, como prova, acenarei a minha venerável cabeça, que é é mais alto penhor que, da minha palavra, costumo dar aos imortais.
Dizendo isto, o grande deus franziu as negras sobrancelhas e inclinou a cabeça. E todo o Olimpo estremeceu.
Tétis regressou à sua morada e o pai dos deuses encaminhou-se para os seus aposentos. Lá encontrou Juno que, sabedora da entrevista, lhe dirigiu esta queixa:
-Qual dos imortais veio entender-se contigo? Vives afastado de mim, tramando coisas que me não contas.