Ilíada - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 21 / 178

Quando acabou, todos permaneceram calados durante uns momentos. Então, Menelau, olhando para Agamémnon e percebendo que o seu olhar era de aprovação, adiantou-se e disse:

- Concordo com as condições, mas quero que o rei Príamo venha da cidade e faça juramento em nome de todos os troianos e dos seus aliados, acatando também esta decisão.

- Tantos gregos como troianos se alegraram com a aproximação do fim da guerra, tiraram os capacetes, colocaram-nos a seu lado e sentaram-se no chão para esperar, enquanto Heitor enviava apressadamente dois arautos à cidade a fim de convocarem Príamo.

Enquanto isso, a deusa Íris, tomando as formas de uma das filhas de Príamo, foi aos aposentos da bela Helena e sussurrou-lhe que fosse até à amurada observar o combate. Helena estava entretida a bordar um magnífico manto real, no qual se achavam representados soldados gregos e troianos e cenas de luta entre os dois exércitos. Levantou-se, então, e saiu da sala em pranto por se ter recordado do seu primeiro marido e da pátria que abandonara. Chegou, muito rapidamente, às portas Ceias, onde se encontravam reunidos os anciãos de Tróia que, devido à idade, já não podiam combater.

Ao verem Helena aproximar-se, comentaram entre si em voz baixa:

- Não é sem motivo que gregos e troianos enfrentam tantos combates! Perante tal mulher, esses males parecem pequenos. Nunca se viu beleza tão perfeita. Nem os deuses imortais se podem gabar de possuir rosto tão formoso. Por isso, a sua presença representa um grande perigo. É preciso mandá-la embora o quanto antes, pois aqui seria um flagelo para nós e perdição para os nossos filhos.





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