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Capítulo 2: II

Página 17
A luz do lampião a custo conseguiu evitar a Henrique o tropeçar num carro desaparelhado, numa dorna, numa pia para galinhas, e em outros objectos que atrancavam o quinteiro. Transpondo a cancela que terminava este, seguiram por uma rua de limoeiros, coberta de ramada, então despida ainda de folhas; atravessaram diagonalmente a horta, pelo carreiro que a dividia; ladearam a eira e a casa do cabanal, e, efectuados mais alguns rodeios, acharam-se finalmente junto da escadaria de pedra, por onde se subia para uma espécie de patamar ou varanda alpendrada, que servia de modesto pórtico à casa de Alvapenha.

A propriedade da tia de Henrique era um genuíno tipo de casa rústica, à moda do Minho.

Ao subir as escadas, e apesar de mal poder divisar os objectos à escassa luz que os alumiava, recebeu Henrique a primeira impressão agradável de toda aquela mal estreada excursão.

Estas escadas, esta varanda de pedra e este alpendre avivaram nele memórias, quase apagadas. Lembrava-se agora vagamente de ter brincado ali, a cavalo nesse mesmo parapeito, então, como agora, enfeitado de uma formidável coorte de abóboras-meninas, vítimas votadas às festas do próximo Natal.

A um canto do patamar deparou-se-lhe ainda um grande vaso de louça, que ele, havia vinte e tantos anos, conhecera, e ao qual tinha a ideia vaga de haver quebrado uma asa; abaixou-se no intento de se certificar, e viu que de facto ainda lhe faltava a asa, sendo este o único estrago que após tanto tempo o velho utensílio sofrera.

- É admirável! - não pôde deixar de exclamar Henrique ao fazer a descoberta, vendo que em oito dias operava maior reforma nos seus aposentos em Lisboa do que num quarto de século se realizava em Alvapenha.

O hortelão bateu à porta e disse para dentro que era o sobrinho da senhora que chegava.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 17

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506