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Capítulo 17: XVII

Página 262
Resolvemos transplantá-la.

Deitámos mãos à obra essa manhã, e, no fim de alguns segundos, estava a faia mudada. Trouxemo-la para onde a deixassem em paz os hortelões, e para junto da água que ela já tinha procurado.

Conheces a árvore hoje?

- Não - disse o conselheiro, olhando em roda, como à procura de algum pequeno arbusto.

- Olha que há quarenta anos; a planta é hoje árvore. É esta a que me encosto.

O conselheiro levantou então os olhos para os ramos vigorosos da árvore, como se lhe parecesse impossível ter sido removida para ali por suas mãos.

- É singular como os anos correm, e as árvores crescem depressa - disse ele, distraidamente.

- Depois da nossa tarefa, sentámo-nos - prosseguiu o ervanário.

- Tu ficaste, exactamente como estás agora, à beira deste tanque.

Então, lembra-me bem, olhando para os ramos tenros desse arbusto, que ainda não sabíamos se viveria, tu disseste: «Fizemos uma obra que durará mais do que nós». E eu respondi: «Quem sabe? O machado vem, quando menos se espera».

- Como te lembras bem dessas coisas! - disse o conselheiro, sorrindo constrangidamente, porque não agourava bem do exórdio que abrira a entrevista.

- Ai, eu tenho boa memória! Houve um momento de silêncio, que Vicente interrompeu subitamente dizendo:

- Mas afinal o que te trouxe hoje aqui? O conselheiro respondeu com resolução:

- Ver-te, como disse, e ao mesmo tempo falar-te de um objecto grave.

- Sim? E comigo é que vens tratar os objectos graves?

- Porque não? Sempre foste homem de bom conselho.

- Nem sempre, Manuel, ou nem sempre pensaste assim.

- Não poderás dizer que deixasse alguma vez de te respeitar. Os nossos génios diferem, os nossos diversos hábitos de vida ensinaram-nos a pensar diversamente a respeito de muitas coisas.

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pág. 262 (Capítulo 17)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 262

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506