Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 30: XXXI

Página 474

O Cancela dirigiu-se para o Mosteiro ainda a pensar nas palavras que ouviu a Augusto, e sem que atinasse com os motivos daquele desalento.

Não pôde, porém, chegar tão depressa ao Mosteiro como esperava; distraiu-o no caminho o seu compadre Zé P’reira.

A harmonia do par conjugal, de que constituía a parte masculina o nosso Zé P’reira, estava cada vez mais transtornada.

A beatice azedara o ânimo da Sr.ª Catarina do Nascimento de S. João Baptista.

A saída precipitada do missionário, que não se sentiu seguro na terra depois da cena do cemitério, e do desespero de Herodes, com quem ele imaginava a cada passo esbarrar, rodeara aquele santo varão do prestígio dos mártires perseguidos; e as saudades por ele e devoção pela sua memória aumentaram consideravelmente na aldeia.

Se mal corria há muito a casa e o governo doméstico da família Zé P’reira, pior se tornou depois dessa época.

A mulher passava todo o tempo em devoções na igreja. O marido, desconsolado, procurava lenitivo na taberna. Descuidou-se cada vez mais de trabalhar. A embriaguez era nele estado habitual e já menos inofensiva e pacífica do que nos primeiros tempos.

A miséria ameaçava invadir aquele lar, até ali remediado. Tudo isto exacerbara a acrimónia das discussões conjugais. Marido e mulher fustigavam-se com os menos amáveis epítetos e atribuíam-se reciprocamente as honras da ruína do casal. De noite desencadeava-se a tempestade doméstica e cada vez mais ameaçadora.

Um dia, o marido, excitado pelo vinho, foi mais além do que a sua timidez habitual o permitira até ali, e a Sr.ª Catarina soube, pela primeira vez, que o osso de que ela era osso não tinha a brandura que lhe suspeitava.

Deu-se uma cena escandalosa, em que interveio a vizinhança.

Daí por diante foram frequentes iguais espectáculos.

<< Página Anterior

pág. 474 (Capítulo 30)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 474

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506