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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 20
Quantos dos meus leitores teriam a persistência e pachorra de decorar dois mil versículos, mesmo para receber uma Bíblia de Doré? E no entanto Mary já tinha ganho assim duas Bíblias, que representavam o trabalho paciente de dois anos, e um rapaz, descendente de alemão, ganhara quatro ou cinco. Uma vez recitara sem parar três mil versículos, mas o esforço de memória foi tão grande que desde então ficou quase idiota. Isto foi considerado um desastre para a escola, porque, em grandes ocasiões e diante de visitas, o director costumava chamá-lo para o exibir - como Tom dizia. Só os alunos mais velhos logravam conservar os seus bilhetes e interessar-se por este aborrecido trabalho o tempo suficiente para ganhar uma Bíblia, por isso a entrega de um desses prémios era acontecimento raro e digno de menção. O aluno que o recebia ficava em tal evidência, nesse dia, que todos os outros ambicionavam, pelo menos durante duas semanas, um lugar igual.

É possível que o estômago mental de Tom nunca tivesse ansiado por um desses prémios, mas certamente o resto do seu ser já muitas vezes desejara a glória e o brilho que o acompanhavam.

Na altura precisa, o director, de pé em frente do púlpito, tendo na mão um livro de hinos fechado e o indicador entre as suas páginas, pediu silêncio.

Quando o director de uma escola de doutrina faz o pequeno discurso do costume, um livro de hinos na mão é-lhe tão necessário como a inevitável folha de papel de música a um cantor que canta um solo num concerto. Porquê, é um mistério, visto que nem o director olha para o livro de hinos, nem o cantor para a música. Este director era um homem magro, de uns trinta e cinco anos, com uma barbicha e cabelos amarelados; usava um grande colarinho engomado, quase até às orelhas, e cujas pontas aguçadas se dobravam junto dos cantos da boca, fazendo uma espécie de vedação que o obrigava a olhar sempre em frente e a voltar o corpo todo quando tinha de olhar para o lado; o queixo descansava sobre uma gravata do tamanho de uma nota de banco e com as pontas franjadas. Os bicos das botas estavam tão arrebitados (segundo a moda daquele tempo) que lembravam as pontas das chinelas turcas. Este efeito fora alcançado, paciente e laboriosamente, por Mr. Walters, que se conservava durante horas seguidas sentado com os pés apoiados firmemente na parede fronteira.

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 20

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174