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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 32
No instante, o dente ficou pendurado no fio.

Todos os males têm as suas compensações, e, nesse dia, Tom foi invejado por todos os rapazes que o encontraram, porque o dente lhe facultava uma forma de cuspir muito engraçada e que idade, Juntaram-se todos à volta dele para assistirem à demonstração; um dos rapazes, que tinha um golpe num dedo e que fora centro de atracção e de homenagens até então, achava-se agora sem um único admirador e a sua glória pertencia ao passado. Ficou aborrecido e, com desdém que não sentia, disse não achar difícil cuspir como Tom Sawyer. Respondeu-lhe outro rapaz que tudo aquilo era pura inveja e o herói viu-se votado ao esquecimento.

Pouco depois, Tom encontrou o vadio da aldeia, Huckleberry Finn, filho do bêbedo da cidade. Huckleberry era cordialmente detestado e temido por todas as mães da aldeia, porque era preguiçoso, desobediente, ordinário e mau, mas principalmente porque todos os pequenos o admiravam, se deliciavam na sua companhia e tinham pena de se não atreverem a ser como ele. Tom, tal como os outros rapazes, invejava a vida desprezível de Huckleberry e tinha ordens restritas de não brincar com ele, por isso o fazia sempre que tinha ocasião. Huckleberry andava vestido com fatos de homem, já velhos e esfarrapados; trazia na cabeça um chapéu todo roto e a que faltava um grande bocado da aba; o casaco - quando o tinha - chegava-lhe quase aos calcanhares, e os botões de trás ficavam-lhe muito abaixo da cintura; os fundilhos das calças, por ficarem fora do lugar que lhes competia, pareciam um saco vazio, e as pernas das calças, se acaso se esquecia de as enrolar, arrastavam pela lama, feitas em franjas.

Huckleberry ia e vinha à vontade, quando estava bom tempo dormia nos degraus das portas e, quando estava húmido, dentro de alguma grande pipa desocupada; não tinha de ir à escola nem à igreja, nem receber ordens de ninguém; podia ir pescar ou nadar quando e onde lhe apetecesse, demorando-se até querer; levantava-se à hora que lhe apetecia; ninguém o proibia de jogar à pancada; era sempre o primeiro a andar descalço na Primavera, e, no Outono, o último a calçar-se; nunca tinha de se lavar nem de vestir roupa lavada; podia praguejar à vontade; numa palavra, tinha tudo aquilo que torna a vida preciosa! Assim pensavam todos os rapazes de S. Petersburgo, que tinham a quem obedecer.

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 32

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174