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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 35

- Não digo. Nessa noite não pude miar porque a minha tia me vigiava, mas desta vez mio, verás. O que levas aí? - Uma carraça.

- Onde a apanhaste?

-No bosque.

- Quanto queres por ela?

- Sei lá! Não quero vendê-la.

- É muito pequenina.

- Dizes isso porque não é tua. Eu gosto dela e para mim chega.

- Há muitas carraças. Eu se quisesse tinha mais de mil.

- Então por que não tens? Porque sabes muito bem que não podes.

Esta é pequenina, mas é a primeira que vejo este ano.

- Olha, Huck, dou-te o meu dente se me deres a carraça.

- Mostra.

Tom tirou do bolso um bocadinho de papel que desenrolou sob o olhar atento de Huckleberry. A tentação era forte e por fim este disse:

- É verdadeiro?

Tom levantou o beiço e mostrou a falta do dente.

- Está bem! - respondeu Huckleberry. - Aceito o negócio.

Tom meteu a carraça na caixa de charutos, que tinha servido de prisão à carocha, e os dois rapazes separaram-se considerando-se ambos mais ricos do que antes.

Quando Tom chegou à escola, entrou rapidamente, como se tivesse vindo sempre apressado. Pendurou o chapéu no cabide e sentou-se. O professor, que na sua cadeira alta dormitava embalado pelo murmúrio sonolento que os rapazes faziam a estudar, acordou.

- Tomás Sawyer!

Tom sabia que, quando o seu nome era dito por inteiro, as coisas não iam bem.

- Senhor.

- Vem cá. Como de costume, chegaste tarde à escola.

Tom ia desculpar-se com uma mentira, quando reparou em duas tranças de cabelo loiro que reconheceu imediatamente.

Junto da dona das tranças estava o único lugar vago do lado das raparigas. Tanto bastou para que dissesse distintamente:

- Demorei-me a falar com Huckleberry Finn!

O professor calou-se a olhá-lo surpreendido. O sussurro do estudo interrompeu-se e os outros rapazes perguntaram a si próprios se Tom teria perdido o juízo.

- Que dizes tu?

- Parei a falar com o Huckleberry Finn.

Não podia haver confusão.

- Tomás Sawyer, essa é a mais espantosa confissão que tenho ouvido, e já não chega a palmatória para castigar o que fizeste. Despe o casaco.

E o braço do professor bateu até se cansar.

Então as chibatadas diminuíram de intensidade, e seguiu-se esta ordem:

- Vai sentar-te ao pé das raparigas e vê se tens juízo.

O rapaz pareceu envergonhado dos risos dos outros, mas na verdade o que lhe dava aquele ar tímido era a sua adoração pelo ídolo desconhecido e o prazer que lhe causava ir sentar-se no mesmo banco.

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 35

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174