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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 4
Com esforço e atenção, em breve apanhou o jeito e foi andando rua abaixo, com a boca cheia de sons harmoniosos e a alma cheia de gratidão. Sentia o que sente um astrónomo ao acabar de descobrir um novo planeta, mas sem dúvida o prazer do rapaz era muito mais forte, profundo e puro do que o do astrónomo.

As tardes de Verão são muito compridas. Ainda não estava escuro. Pouco depois, Tom moderou o seu assobio, vendo na sua frente um rapaz pouco mais alto do que ele. Qualquer recém-chegado, fosse qual fosse a sua idade ou sexo, era um acontecimento impressionante na pequena aldeia de S. Petersburgo. Além disso, aquele rapaz estava bem vestido - bem vestido num dia de semana -, o que era simplesmente espantoso. O boné era uma coisa linda, e o casaco, de pano azul e todo abotoado, era novo e bem feito, assim como as calças. Tinha sapatos calçados, apesar de ser só sexta-feira. Até trazia gravata, feita de um bocado de fita de cor. Tinha um ar citadino que indignava Tom. Quanto mais olhava para aquela esplêndida maravilha, quanto mais arrebitava o nariz a olhar para tanto luxo, mais pobre e mesquinho lhe parecia o seu próprio fato. Nenhum deles falava. Se um se mexia, o outro mexia-se também, mas sem deixarem de estar em frente um do outro nem de se olhar.

Por fim, Tom disse:

- Se eu quiser bato-te.

- Gostava que experimentasses.

- Só se eu não quiser.

- Não és capaz.

- Sou.

-Não és.

- Sou.

- Não és.

- Sou.

- Não és.

Seguiu-se uma pausa desagradável, finda a qual Tom perguntou:

- Como te chamas?

- Não é da tua conta.

- Se eu quiser posso fazer que seja.

- Então por que não fazes?

- Se dizes muitas coisas, faço mesmo.

- Muitas coisas... Muitas coisas... Muitas coisas. Aqui tens.

- Naturalmente julgas que és muito esperto, não? Se eu quiser sou capaz de te bater até com uma das mãos presa atrás das costas.

- Por que não bates, se dizes que és capaz?

- Pois bato se te metes muito comigo.

- Bem sei, já vi famílias inteiras na mesma atrapalhação.

- Que valentão! Se for a ver, julgas que és alguém, não? Olha para aquele chapéu!

- Podes amolgá-lo se não gostas dele. Desafio-te a que lhe toques, e seja quem for que se atreva, apanha a sua conta.

- Mentiroso!

- Mentiroso és tu.

- És um desordeiro e um mentiroso, que não levas o desafio por diante.

- Vai passear!

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 4

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174