Ilíada - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 5 / 178

Os primeiros a chegar ancoraram os navios na primeira fila, junto à fértil planície troiana que se estendia entra a praia e a cidade de Tróia propriamente dita, banhada pelo rio Escamandro.

Entre os navios da primeira fila, estavam os quarenta que o rei Protesilau trouxera de Fílace. Eram comandados por um irmão de Protosilau, pois este morrera no cumprimento da profecia que dizia que o primeiro grego a desembarcar em solo troiano seria também o primeiro a morrer. Fora assassinado pelo nobre troiano Eneias, quando saltava arrojadamente para a praia enquanto todos os outros gregos se mantinham cautelosos.

Na segunda fila estavam, entre outros, os quarenta navios vindos de Lócroda sob o comando de Ájax, homónimo do filho de Télamon e também seu habitual companheiro de batalha, mas, e ao contrário deste, de baixa estatura, embora valente, intrépido e hábil na lança. Os seus, no entanto, lutavam apenas com arcos e flechas, não usando nem lanças nem escudos.

Na terceira fila, mais perto do mar, estavam os cem navios do ilustre rei Agamémnon, o maior número jamais visto sob as ordens de um único comandante e, imediatamente ao lado destes, os sessenta navios que seu irmão, o rei Menelau, marido de Helena, trouxera de Esparta. Nesta fila ficavam também os navios do rico Nestor, rei de Pilo, e as oitenta embarcações do jovem e intrépido rei Diomedes. No centro desta fileira, encontravam-se os doze navios de Ulisses, rei da pequena e rochosa ilha de Ítaca situada a ocidente da Grécia. Ulisses, apesar de governar um pequeno reino, tinha muitos recursos, era muito persuasivo quando pretendia atingir qualquer finalidade e era, além disso, muito respeitado devido aos sábios conselhos que dava.

Entre os altos cascos dos navios, que eram colocados e suportes de pedra para evitar que apodrecessem, os dois largos caminhos entre as fileiras eram entrecortados por estreitas passagens. Junto dos navios da sua frota, cada comandante grego tinha construído, para si e para os seus homens, cabanas de madeira e de terra, bem cobertas e forradas com juncos arrancados da margem do Escamandro; tinham construído também abrigos para o gado e para os escravos e estábulos para as mulas e os cavalos.





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