Ilíada - Cap. 25: Capítulo 25 Pág. 126 / 178

Depois apanhou com uma das mãos o martelo, com a outra as tenazes e começou a fazer o escudo. Modelou uma roda imensa, utilizando principalmente o bronze, e malhou repetidas vezes para torná-lo forte e resistente aos golpes de lança. Terminada a estrutura do escudo, começou a lavrá-lo com desenhos maravilhosos. De suas mãos de artista ia surgindo a imagem do céu com todas as estrelas e constelações. Depois a terra com seus rios e montanhas, com todos os pormenores em relevo. Mais abaixo, figurou duas cidades: numa reinava a paz, noutra a guerra. Na primeira desenhou uma bela avenida na qual transitavam cortejas nupciais e havia festa e danças nas quais participavam os jovens. A cidade em guerra estava cercada por altas muralhas defendidas por homens armados contra um exército que a sitiava. Via-se o entrechocar das armas e o sangue a escorrer dos feridos.

Reproduziu também no escudo um campo de terra lavrada, onde rústicos camponeses realizavam a colheita. Um pouco adiante havia um homem a beber vinho, demonstrando evidente satisfação. Desenhou também uma vinha e um grupo de moças que colhiam as uvas, enquanto um menino cantava ao som de uma lira de ouro.

Sempre com incomparável perícia, Vulcano esculpiu no escudo algumas vacas que se dirigiam para férteis pastagens. Adiante elas encontram um touro debatendo-se nas garras de dois poderosos ledes. Os pastores aparecem e incitam os cães contra as feras, mas eles nada podem fazer e o touro perece.

O artífice divino fez também surgir no escudo de Aquiles um rebanho de brancas ovelhas, espalhadas sobre vale ameno. Outra cena era um grupo de lindas moças que, de mãos dadas, executavam uma dança festiva. Trajavam tónicas alvíssimas e os cabelos eram coroados de rosas. No centro, um poeta cantava ao som da lira e uma grande multidão assistia ao espectáculo.

Concluído o prodigioso escudo, Vulcano aprontou rapidamente a couraça, o capacete e as caneleiras, empregando o melhor material que encontrou na sua oficina. Juntou, depois, todas essas armas e foi entregá-las à mãe de Aquiles, que o aguardava no salão do palácio.

Rápida como o gavião, Tétis baixou do Olimpo e foi ao encontro do seu filho.





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