Ilíada - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 14 / 178

Contou-lhe Aquiles o que se passara entre ele e Agamémnon e, ao terminar, suplicou-lhe:

- Agora, minha mãe, vinga a honra do teu filho ultrajado! Vai ao Olimpo e Júpiter fará o que lhe pedires, pois que o auxiliaste uma vez ao desfazer a conspiração que contra ele se tramava. Pede-lhe, então, que ajude os troianos para que destrocem e expulsem os gregos, obrigando-os a que se retirem para os seus navios e que se envergonhem do seu rei e que Agamémnon pague bem caro o crime de haver ofendido o mais valoroso dos guerreiros!

Tétis respondeu-lhe, entre lágrimas:

- Pobre filho meu! Para que te fiz nascer se havias de ter uma vida tão curta e infeliz? Sim, irei até aos píncaros nevados do Olimpo e apresentarei a Júpiter a tua queixa. Entretanto, não saias daqui. Mostra-te sempre irado para com os gregos, mas não tomes parte nos combates. Júpiter foi aos festejos oferecidos pelos etíopes, mas estará de volta dentro de doze dias. E então, ajoelhar-me-ei a seus pés e estou certa de que conseguirei o que desejas.

Com essas palavras se foi, deixando o filho a remoer a sua mágoa contra Agamémnon e a sua saudade da linda Briseida.

Enquanto isso, Ulisses já havia chegado à cidade de Crisa e entregava ao sacerdote de Apolo a filha que lhe fora tirada. O ancião estremeceu de alegria ao receber a jovem e, ajoelhando-se, pediu a Apolo que fizesse cessar a peste que dizimava os exércitos gregos.

Satisfeito, Ulisses reconduziu a embarcação de volta ao acampamento.

Aquiles continuava fechado na sua tenda e não se apresentou nunca mais nas assembleias e nos combates. E embora a vontade de lutar o perseguisse constantemente, pois era belicoso por natureza, ali se deixava estar, consumindo-se de cólera e tristeza.





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