Ilíada - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 32 / 178

Tinham os gregos do seu lado Minerva, a gloriosa filha de Júpiter, que percorria o campo e observava os pontos fracos, estimulando os menos corajosos. Chegando junto a Diomedes, resolveu fazer com que ele se destacasse por valorosa façanha. E o herói encheu-se de coragem e avançou para o ponto onde a batalha era mais renhida. Assemelhava-se à estrela do Outono, que fulge mais bela depois de banhar-se no oceano.

Entre os troianos havia dois irmãos, Fegeu e Ideu, filhos de um sacerdote, ambos muito experientes em combates. Iam os dois no mesmo carro e lançaram-se sobre Diomedes. Mas este atirou a lança que se foi cravar no peito de Fegeu e derrubou-o. Atemorizado com a morte do irmão, Ideu fugiu, abandonando o carro, sem se atrever a defender o corpo de Fegeu. Diomedes apoderou-se então dos cavalos, que entregou aos companheiros como presa de guerra.

Continuou depois a percorrer o campo de batalha, semelhante a um rio caudaloso que tudo arrasta na sua corrente. Vendo-o a correr daquela maneira, desbaratando as falanges troianas, Pandaro, aquele que quebrara a trégua ferindo Menelau, desfechou-lhe uma afiada seta. Atingiu-o no ombro e o sangue avermelhou a couraça.

— Avante, troianos!—gritou Pandaro.—Acabo de prostrar o mais valente dos gregos!

Mas Diomedes não se deu por vencido. Retrocedeu até ao seu carro e mandou que o seu amigo Estenelo lhe arrancasse a flecha. O sangue jorrando aos borbotões, batia contra as malhas. Diomedes assim orou:

— Filha imortal de Júpiter, se alguma vez durante as batalhas ficaste ao lado de meu pai, Tideu, ficai hoje comigo. Ó Minerva, fazei com que Pandaro fique ao alcance da minha lança e permiti que o mate.





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