Ilíada - Cap. 33: Capítulo 33 Pág. 168 / 178

— Mulher — respondeu Príamo —, até agora foi a coisa mais acertada que disseste. Sim, beberei em honra de Júpiter e ele me acompanhará nesta empresa.

Dizendo isto, o velho ergueu as mãos ao céu numa prece ardente. Em seguida, tomou a taça das mãos de Hécuba e bebeu o vinho. Feito isto, subiu para o carro e dirigiu-se apressadamente para os belos navios gregos.

Mas Júpiter havia escutado as suas preces e apiedou-se do infeliz ancião. Chamou Mercúrio, seu fiel mensageiro, e mandou-lhe que acompanhasse Príamo até ao acampamento grego, mas de modo que ninguém o visse antes da entrevista com Aquiles.

Enquanto isso, os filhos de Príamo acompanhavam-no pelas ruas da cidade e todos choravam como se o ancião se encaminhasse para a morte.
Ao chegarem, porém, à planície, despediram-se dele e regressaram a Tróia. Foi então que Mercúrio se aproximou e, segurando nas mãos do velho, lhe disse:

— Para onde vais, ó ancião, à noite, com estes cavalos e mulas? Não tens receio dos gregos? Com a tua idade, como te poderás defender se alguém te atacar para te roubar as riquezas que levas? Mas podes ficar tranquilo, pois estou disposto a acompanhar-te e a proteger-te. Interesso-me por ti porque és muito parecido com o meu velho pai.

— Feliz do homem que possui tal filho! — exclamou Príamo. — Agora vejo que os deuses estão comigo, visto que me enviaram um companheiro tão prestável e forte como tu.

— Diz-me a verdade, ancião. Para onde levas todas essas riquezas? Estarás a abandonar a cidade e a fugir apavorado para outra região? Agora que Heitor, o melhor de todos os guerreiros, está morto, já não tens esperanças de salvação?





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