Ilíada - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 6 / 178

Exactamente no meio do campo, em frente aos navios de Ulisses, ficava o local das assembleias, onde os reis e os príncipes gregos, juntamente com os nobres, se reuniam em conselho, para julgar ou discutir algo, bem com para oferecer um sacrifício aos deuses no altar ali armado. Qualquer rei ou príncipe tinha o direito de convocar a assembleia todos os outros deviam comparecer. Foi a este lugar que Crises foi levado para se confrontar com os chefes gregos, cada um sentado no lugar que lhe competia, tendo para isso sido convocados por Agamémnon.

Crises colocou-se diante deles, segurando as guirlandas sagradas do templo e o ceptro do deus Apolo e suplicou aos gregos que aceitassem o resgate que ele trouxera e lhe devolvessem a filha:

- Eu vos saúdo, valoroso Agamémnon, e a todos vós, valorosos guerreiros gregos! Queiram os deuses do Olimpo conceder-vos a graça de arrasardes a cidade de Príamo e de voltardes satisfeitos para os vossos lares! Mas suplico-vos, restituí-me a minha filha e aceitai a minha oferta, em atenção e respeito por Apolo, filho de Júpiter.

Um rumor de aprovação percorreu o acampamento. Instavam todos com Agamémnon para que entregasses Criseida e aceitasse o soberbo resgate. Mas o rei, enfurecido, repeliu o velho com estas palavras insultuosas:

- Retira-te e não voltes mais à minha presença! É inútil ostentares o ceptro e as insígnias do teu deus. A tua filha ficará comigo e irá para o meu palácio, onde tecerá para mim. Se queres conservar a vida não me irrites com insistências.

A estas palavras, o velho acobardou-se e obedeceu. Seguiu em silêncio a orla do mar tumultuoso. Mas quando se viu distanciado, orou com fervor ao deus Apolo, filho de Júpiter e Latona, seu inabalável protector:

- Ouve-me, tu que tens arco de prata! Se alguma vez, a teu gosto, adornei o templo, ou te proporcionei prazer, queimando em tua honra touros ou cabras, faz que, com as tuas flechas, paguem os aqueus as minhas lágrimas!





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