Enquanto a rainha orava, Heitor dirigiu-se à casa de Páris. Encontrou-o a limpar as armas e a couraça ao lado da bela Helena, que estava ocupada a dirigir o trabalho das escravas.
Fitando Páris, Heitor censurou-o:
— Infeliz príncipe, como o teu procedimento é indigno. Os guerreiros morrem à volta das muralhas por tua causa. E tu, que devias ser o primeiro a combater, nada fazes de útil. Vamos, age como um homem, antes que a cidade seja incendiado pelo inimigo que se aproxima!
— Heitor — respondeu Páris —, aceito as tuas palavras porque são justas. Não foi por medo ou cobardia que me retirei da luta e sim porque tinha necessidade de estar só com as minhas mágoas. A minha mulher já me persuadiu a voltar para o campo de batalha e estou decidido a fazê-lo. Espera-me um pouco enquanto visto as armas e em breve estarei a teu lado.
Ouvida a conversa entre os dois, assim falou Helena a Heitor:
— Prezadíssimo cunhado, sei que não me estimas porque fui a causadora de todos os males que estás a sofrer agora, mas disso me arrependo amargamente. Senta-te um pouco e descansa, pois és tu quem suporta o maior peso da luta. Ao que Heitor respondeu:
— Helena, não te quero mal, mas não posso sentar-me a teu lado. O meu coração inquieta-se pela sorte dos nossos guerreiros, que devem estar a sentir a minha ausência. Peco-te, porém, que insistas junto de Páris para que venha juntar-se a mim antes que me vá da cidade. Primeiro vou até minha casa para me despedir da minha mulher e do meu filhinho, pois não sei se os voltarei a ver. Dito isto, Heitor retirou-se e em breve chagava à sua morada, um dos mais belos palácios da cidade. Mas lá não encontrou Andrómaca, a sua bela esposa, que tinha ido até à muralha, receosa pela sorte do marido.