Aflito, Heitor interrogou as escravas:
— Dizei-me sem demora, mulheres, para onde foi Andrómaca quando saiu do palácio? Terá ido visitar as minhas irmãs ou cunhadas? Ou estará com as outras troianas no templo da divina Minerva? Respondeu-lhe a camareira de Andrómaca:
— Não, senhor. Ela foi para a grande torre, pois ouviu dizer que os troianos afrouxavam e que a força do inimigo aumentava. Correu imediatamente para a torre, como desvairada, e a ama seguiu-a com o menino ao colo.
Heitor saiu apressado, perfazendo o mesmo caminho. Perto das portas s encontrou a mulher que, ao avistá-lo, correu a atirar-se-lhe aos braços. Estava acompanhada por uma ama, que estreitava ao colo o filhinho do casal. O pai chamava-lhe Escamandrio, mas o povo baptizara-o de Astíapois o pai era o mais forte defensor de Tróia e esse nome a isso se referia.
Heitor contemplou-o a sorrir e sem dizer palavra. Mas Andrómaca, dada em lágrimas, disse-lhe:
— Querido Heitor, temo que a tua bravura venha a ser a tua perdição.
Não tens pena do teu filhinho e de mim, que ficarei viúva e infeliz? Expões-te demasiadamente e acabarás morto às mãos do inimigo. Mas se eu te perder, melhor será que a terra se abra a meus pés! Não tenho ninguém a não ser tu. O meu pai está morto. O divino Aquiles matou-o quando destruiu Tebas e às suas mãos pereceram também os meus sete irmãos. Minha pobre mãe, que reinava junto aos bosques de Placo, ele a trouxe cativa e só a devolveu mediante valioso resgate. Entretanto, depois de restituída ao palácio de seu pai, a divina Diana matou-a com uma das suas carteiras flechas. Tu és, pois, para mim, pai, mãe, irmão e marido. Tem piedade de mim e deixa-te ficar aqui na torre, para que não fiquem viúva tua mulher e órfão o teu filhinho. Dispõe mais tropas Junto à figueira, por onde a cidade é mais acessível e a muralha pode ser facilmente escalada. Três vezes já a tentaram escalar bravos guerreiros inimigos.