Berta escutou o pai com um sorriso nos lábios, mas sorriso que não anulava a expressão melancólica e pensativa que conservava o resto das feições. Mais de uma vez se perturbou ao ouvi-lo, mas cedo adquiriu a serenidade habitual.
Neste ponto atalhou-o dizendo:
- São prudentes os conselhos que me dá. Farei por não os esquecer. Mas não se inquiete pela minha sorte. Nunca me deixei iludir pelos bens que a sua bondade me tem permitido gozar na vida; não perdi de vista o que sou. Sei ao que devo aspirar, e farei por não colocar a felicidade muito acima do alcance de meu braço. Na amizade de Maurício creio que não haverá perigos para mim; mas, se os houver, hei-de saber fugir-lhes. Foram meus companheiros, quando brincávamos todos naquela casa; quero-lhes por isso, mas sei o que deles me separa.
- Lá de Jorge nada temas. É um carácter sério aquele. Se disser que é teu amigo, é teu amigo deveras: senão, não to diria; mas este…
- Jorge é ainda o que sempre foi.