VII Frei Januário, dormida a sua regalada sesta, dispôs-se a fazer horas para a ceia, indo comunicar ao fidalgo a grande nova das suspeitas e subversivas disposições de espírito em que encontrou o filho mais velho.
Ainda D. Luís meditava nas mudanças que ia sofrer o regímen económico da casa e nas mais ou menos prováveis consequências delas, quando a voz fanhosa do padre procurador se fez ouvir à porta, articulando o costumado - licet? - E, sem esperar resposta, o padre frei Januário foi entrando.
- Ainda às escuras, Sr. D. Luís?!
- Nem sempre temos para nos alumiar luzes tão belas como esta - respondeu o fidalgo, designando o luar que já lhe inundava o quarto.
- Quer não; isto de luar não é lá das melhores coisas, e depois o ar da noite…
- A noite está que parece de Maio.
- Sim, mas sempre os vapores dos campos… Eu acho mais prudente acender a luz e fechar as janelas.
- Não me oponho, frei Januário, até porque temos que falar.
- Sim? Também tenho que comunicar a V. Ex.ª.
- Pois, muito bem. Vamos a isso.
Fecharam-se as janelas, vieram as luzes e dispôs-se tudo para a conferência.
D. Luís exigiu que frei Januário falasse primeiro.
- Visto isso, principiarei, e o que sinto é que seja para dar a V. Ex.ª notícias assustadoras - preludiou o egresso.
- Assustadoras! Que é afinal? Alguma insolente exigência de credor.
- Nada, nada; a coisa é outra. Trata-se do filho de V. Ex.ª.
- De Maurício? Que fez ele?
- Não, senhor; não é do Sr. D. Maurício que eu falo.
- Então? É de Jorge?
- Justamente. Eu conto a V. Ex.ª.
E frei Januário principiou a expor ao fidalgo os pormenores da discussão que tivera com Jorge ao jantar e a comentá-la com reflexões próprias. Horas antes, esta comunicação teria talvez produzido o efeito estupendo que o egresso calculara; mas a prévia entrevista de D.