Ilíada - Cap. 22: Capítulo 22 Pág. 113 / 178

E, preferindo essas palavras, Pátroclo atirou-se sobre o cadáver, ansioso por despojá-lo. Heitor, por sua vez, saltou do carro e a luta travou-se em torno do corpo do auriga. Com a ferocidade dos leões que se atiram à mesma presa, os dois encarniçavam-se na luta, um procurando atingir o outro com a lança pontiaguda. Para junto de Heitor correram os troianos e os gregos vieram reunir-se a Pátroclo. Os dois exércitos engalfinharam-se e o combate generalizou-se mais uma vez. Como dois ventos apostos que se chocam numa floresta, destruindo os arbustos e arrancando os troncos mais grossos, assim eles se precipitaram um sobre o outro, numa luta de extermínio.

O corpo do infeliz auriga jazia no chão, desfigurado, coberto de poeira e de sangue. Por sobre ele os arcos desfechavam revoadas de flechas e rijas pedradas estalavam nos escudos dos guerreiros. As lanças voavam, indo cravar-se no solo ou no peito dos heróis.

Até à hora do pôr do Sol, a sorte pendeu para o lado dos gregos. Vinte e sete bravos troianos pereceram as mãos de Pátroclo. Mas, quando a noite começou a descer, Apolo meteu-se na luta e, sem que Pátroclo o pressentisse, vibrou-lhe uma forte pancada na espádua e nos ombros. O herói sentiu escurecer-lhe a vista e as pernas fraquejaram. Apoio tirou-lhe, então, o capacete e a couraça e quebrou-lhe a lança. Vendo-o indefeso e aturdido, Euforbos, jovem e valente guerreiro troiano, feriu-o nas costas com a lanças Mas a ferida não foi mortal. Entretanto, quando ele tentava levantar-se para se ocultar atrás dos companheiros, foi visto por Heitor, que lhe trespassou o ventre com o afiado bronze. Pátroclo tombou, agonizante.

— Então, Pátroclo! — zombou o chefe troiano. — Querias saquear Tróia e levar para a rua pátria as mulheres e os filhos dos troianos? Insensato! Não pensaste que eu próprio te impediria de levar a cabo os teus funesto planos? Aquiles, apesar de valente, já não te pode ajudar.





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