Ilíada - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 64 / 178

Enquanto a alegria reinava no acampamento troiano, eram os gregos presa do sobressalto e do terror. Os mais bravos eram os que mais desesperados estavam, por verem baldados os seus esforços. Agamémnon passeava de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Por fim, chamou os arautos e ordenou-lhes que reunissem todos os chefes em conselho, mas que o ficassem cautelosamente para que disso não se apercebessem os outros guerreiros, Dentro de alguns instantes, todos os chefes lá se encontravam, cabisbaixos e tristes. Quando viu todos sentados, levantou-se Agamémnon e, com lágrimas nos olhos, disse-lhes:

— Amigos meus! Chefes e conselheiros dos gregos! Estou convencido de que o divino Júpiter nos arma uma terrível desgraça e nos tenta destruir. tinha-me prometido que regressaríamos vitoriosos à Grécia e que, antes disso, destruiríamos as fortes muralhas de Tróia. Mas, agora, parece comprazer-se com a nossa derrota. Portanto, não nos resta mais que fugir com os nossos navios e regressar desonrados à pátria, visto que jamais conquistemos Tróia.

Todos ficaram mudos ao ouvir tais palavras e em seus semblantes transparecia a consternação e a surpresa. O primeiro a falar foi Diomedes:

— Ó átrida, permite-me que me insurja contra essa tua insensata ideia e não te encolerizes. Houve um dia em que me insultaste perante todos, chamando-me fraco e cobarde, mas eles testemunharam agora a minha actuação na guerra. Júpiter te honrou, dando-te o ceptro e a chefia de todos os gregos. Mas uma coisa tu não possuis: firmeza de animo. Se pretendes voltar, parte, que os navios estão à tua espera e ninguém te impedirá a fuga.

Eu, porém, ficarei e não faltará quem me acompanhe. Estou disposto a bater-me até ao fim e Estenelo ficará comigo. Sim, não sairemos daqui sem a vitória, pois foi para isso que viemos e um deus nos guiou.





Os capítulos deste livro