Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 12: XII Pág. 144 / 519

abade, e ...

- Um seu criado, Sr. regedor!

- E um dia...

- Às suas ordens, Sr. regedor.

- Sr. regedor, sim, e honro-me disso muito. E, enquanto for regedor, hão-de-me respeitar como tal. Já disse. O seu tempo já lá vai, Sr. abade, e hoje a justiça, quando tem de entrar em uma casa, não repara no brasão que está à porta... ou não deve reparar. Ninguém tem o direito de não respeitar a lei, e eu prometo-lhes que já que assim o querem...

- Bem, bem, - acudiu Maurício, que receou que a cena se tornasse mais azeda - não prossigamos nesta contenda. Venham vocês daí, que temos que conversar. Clemente, sossega, que tudo se há-de arranjar. Adeus, Ana.

- Vamos lá, vamos lá, - concordaram os dois primos, empunhando outra vez as espingardas - deixemos o Sr. regedor, que está hoje muito zangado.

E, ao atravessarem o quinteiro, o doutor e o abade abraçaram, cada um por sua vez, uma das moças de Ana do Vedor, que voltava da fonte com o cântaro de água.

- Olá, olá, fidalguinhos! - bradou da porta da cozinha a patroa. - Já disse que isto aqui não é terra do Cruzeiro. Olhem se querem que eu os enxote como as raposas do galinheiro!?

E, quando a criada chegou ao pé dela, disse-lhe com aspereza:

- Tu não sabias chimpar-lhes o cântaro pela cabeça abaixo, minha maluca? Sempre vocês não sei para que querem a esperteza.

Os rapazes retiraram-se rindo.

Ana voltou a ouvir e a mitigar as queixas do filho.





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