Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 37: XXXVII Pág. 514 / 519

E, aqui para nós, talvez que a mim deva alguma coisa. E tu, rapariga? Apesar de me enjeitares o Clemente, olha que não te quero mal. Não quero, porque eu, se estivesse no teu lugar, faria o mesmo. E o Tomé ainda com o nariz torcido! Ó homem de Deus, você que mais quer? Sempre a gente! louvado seja Deus!

Maurício aproximou-se de Ana, sorrindo:

- Já que vai correndo a roda, venha lá a minha ração.

- Que queres que eu te diga? Cuidas que por estares casado me mereces mais aquela? Olha agora! O que me admira é que houvesse quem te quisesse. Perdoe-me a senhora, mas não lhe gabo o gosto. A seu tempo conhecerá a jóia. Lá aquilo é outro barro. - E apontava para Jorge.

Todos riram das francas observações da desenganada matrona.

E enquanto D. Luís conversava com Berta, Jorge com Tomé, e Maurício e a baronesa com Luísa e Ana do Vedor, assomou à porta a cabeça de frei Januário, que ficou espantado de achar tanta gente reunida no quarto do fidalgo.

- Há alguma novidade? - perguntou ele inquieto.

Foi a Ana do Vedor quem lhe respondeu:

- Há, sim, senhor. E pode já preparar-se, porque não lhe faltará que fazer qualquer dia. Case-me bem estes noivos, ouviu?

O padre olhou espantado para os circunstantes.

- Quê? Pois então...

- Estão vencidos os obstáculos - respondeu a baronesa à incompleta pergunta.

- Ah! - observou apenas o padre.

E pensava consigo:

- Digam lá que não anda nisto a maçonaria!

O resto do dia passou-se pacificamente. D. Luís dormiu com sossego e deu mais algumas esperanças aos que o rodeavam.

Não havia ali coração que não encerrasse um fermento de felicidade.





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