Ilíada - Cap. 33: Capítulo 33 Pág. 169 / 178

Muito surpreendido por ouvir falar de Heitor, Príamo interrogou-o:

— Quem és tu que falas tão bem do meu filho? Quem são os teus pais? ?

— Faço parte do exército de Aquiles e sou seu ajudante. Viemos no mesmo navio e combatemos juntos. Vi muitas vezes o teu filho nas batalhas e tive oportunidade de apreciar a sua bravura.

— Se és ajudante de Aquiles — perguntou ansioso o velho —, poderás dizer-me se o corpo de meu filho ainda se conserva perfeito junto aos navios ou se foi lançado aos cães?

— Tranquiliza-te, ancião. O teu filho ainda se conserva tal como no dia de sua morte. Com certeza que os deuses o amavam muito, pois o têm preservado da putrefacção.

— O meu filho nunca se esqueceu dos deuses que habitam o Olimpo. Por isso, naturalmente, os deuses não o esqueceram nem mesmo depois de morto.

Trocando estas palavras, iam-se os dois aproximando do acampamento de Aquiles. Quis Príamo dar ao jovem um presente em retribuição pelos serviços que lhe prestava, mas ele recusou delicadamente:

— Não posso aceitar nada das tuas mãos, pois seria uma infidelidade para com o meu chefe. Mas vou conduzir-te até ele e ninguém te fará dano algum.

Dizendo isto, Mercúrio saltou do carro e, com a sua varinha mágica, incutiu o sono nos guardas que estavam de sentinela. Assim puderam passar livremente e chegar à tenda de Aquiles. Não era uma tenda vulgar, mas uma verdadeira casa, digna de um príncipe. A porta era fechada com tranca de ferro, tão pesada que eram necessários três homens robustos para abri-la. Mercúrio com uma só mão abriu-a e, voltando-se para o ancião, disse-lhe:





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