Ilíada - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 20 / 178

Mau grado ser filho do rei, os troianos desaprovaram a sua atitude e o seu irmão Heitor dirigiu-se-lhe com estas palavras iradas:

- Páris, infeliz Páris, homem cobarde e efeminado! Por tua causa fomos arrastados para esta guerra contra os poderosos gregos e tu ainda nos cobres de vergonha, fugindo na hora do combate! Não ouves o gargalhar dos valorosos gregos que, a julgar pela tua figura, supunham que tínhamos um excelso campeão? Mas o nosso herói não passa de um pusilânime, incapaz de arrostar com as consequências dos seus actos!

E o belo Páris respondeu assim:

- As tuas palavras são justas e mereço-as. Mas o teu coração é duro como a ponta de uma lança e não te dobras diante de coisa alguma. Não deves repreender-me porque gozo da protecção de Vénus, deusa do amor. Se ela me deu a bela Helena, porque haveria eu de desprezá-la? Vamos, porém, ao que importa. Se achas que devo brigar e combater, manda que todos se sentem, de um lado os gregos e do outro os troianos. Depois, eu e Menelau nos bateremos por Helena e o vencedor ficará com ela e com todos os seus tesouros. Quanto aos outros, farão um pacto de amizade e voltarão para casa com os seus exércitos.

Heitor, surpreso e satisfeito com a resposta do irmão, ordenou aos troianos que cessassem a luta até que ele falasse com os gregos.

Então, dirigiu-se a ambos os lados, dizendo:

- Escutai as palavras de Páris, filho do rei Príamo, cujas acções provocaram a guerra entre os nossos dois povos. Ele lutará sozinho contra o rei Menelau, pela posse de Helena, se cada homem aqui presente jurar respeitar o resultado da contenda e o considerar também resultado da guerra.





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