Ilíada - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 33 / 178

Minerva ouviu-o. Devolvendo-lhe de imediato a agilidade dos membros e colocando-se junto dele, disse:

— Cobra alento, Diomedes. Já infundi ao teu peito o intrépido valor que distinguiu o teu pai e afastei a névoa que te cobria os olhos, para que na batalha distingas bem os deuses e os homens. Se um daqueles te vier tentará não pretendas lutar contra os imortais. Mas se for Vénus, filha de Júpiter, fere-a com o teu aguçado bronze. Em seguida, Minerva afastou-se.

Diomedes voltou a misturar-se com os combatentes. E se antes ardia no desejo de lutar, sentiu naquele instante que se lhe triplicava o brio. Um após outro, tombaram sob a ponta da sua lança e o fio da sua espada, quatro Chefes troianos. Matava com sanha e arrancava as armas aos adversários.

Eneias viu-o dizimar as fileiras troianas e foi, no meio da batalha e da confusa agitação das lanças, em busca de Pandaro, rival de um deus. Encontrou-o, irrepreensível e robusto, deteve-se na sua frente e disse-lhe:

— Ai vem Diomedes, filho de Tideu, preparado para novas matanças. Procura alvejá-lo com a tua flecha, bom Pandaro, e assim salvarás muitas vidas troianas.

Pandaro, muito admirado, perguntou:

— Ainda está vivo? Vejo que os deuses hoje me fizeram malograr. As minhas fechas atingiram dois reis gregos e, no entanto, não consegui matar nenhum. O meu arco está sem sorte. Teria sido melhor não o ter trazido comigo. Ter-me-iam sido mais úteis um carro e um cavalo. Na cocheira de meu pai havia carros recém-fabricados, cada um com a sua parelha de cavalos. Ele aconselhou-me que escolhesse um e o trouxesse, mas pensei que, estando Tróia sitiada, fosse difícil encontrar alimento para os cavalos, e preferi confiar no meu arco e vir a pé com os meus homens. Se sobreviver irei puder ainda ver o meu lar e a minha esposa, desejo que me arranquem a cabeça se não quebrar este arco indigno com as minhas próprias mãos e o atirar ao fogo.





Os capítulos deste livro