Ilíada - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 42 / 178

Os troianos estava a bater em retirada diante dos gregos que, comandados por Diamedes, continuavam a ganhar terreno. Então, um dos filhos de Príamo, Heleno, que era excelente adivinho, chamou Heitor e Eneias à parte e disse-lhes:

— Fazei as tropas recuar para as muralhas, pois é mais seguro lá do que na planície. Exortai os homens incutindo-lhes animo e coragem. Depois disso, tu, Heitor, entra na cidade e dá instruções à nossa mãe. Dize-lhe que vá ao templo de Minerva, abra a porta do santuário e deponha sobre os joelhos da deusa o mais belo véu que houver no palácio, prometendo-lhe o sacrifício de doze bezerros de um ano, para que ela se compadeça das nossas mulheres e filhos e afaste da cidade o filho de Tideu, esse valente lanceiro. Nunca vi homem tão bravo como Diomedes. Nem o próprio Aquiles se lhe iguala, e dizem que é filho de uma deusa.

Heitor seguiu as instruções de Heleno e voltou à cidade. Entretanto, Glauco, filho de Hipóloco, e Diomedes, filho de Tideu, avançavam ao mesmo tempo, prontos para o combate. Quando já estavam próximos, Diomedes exclamou admirado:

— Diz-me quem és, ó bravo guerreiro, pois nunca te vi na guerra e és o primeiro a demonstrar tamanha ousadia vindo ao encontro de minha lança! Infelizes dos homens cujos filhos experimentam o valor de meu braço! Diz-me se és algum deus que baixou do céu, pois nesse caso não lutarei contra ti. Outros já o fizeram e perderam-se. Mas se pertences ao número dos mortais, aproxima-te e experimenta lutar comigo!

A isto responde o filho de Hipóloco:

— Bravo Diomedes, porque me fazes tantas perguntas acerca da minha origem As gerações dos homens são como as folhas das árvores. Lança-as o vento ao chão, mas as robustas árvores produzem outras, que vêm por sua vez a fenecer. Assim são os homens. Uns vão-se e outros os substituam Mas se queres conhecer a minha origem, escuta. Na cidade grega de Corinto havia um bravo guerreiro conhecido pelo nome de Belerofonte. Falsos boatos acusaram-no de tramar contra o rei e o insensato monarca acreditou no que diziam e resolveu matá-lo. Receoso, porém, das consequência não quis executar a sentença na sua própria cidade. Mandou-o, então entregar uma mensagem ao rei da Lícia. A mensagem estava escrita em caracteres cifrados para que Belerofonte não a entendesse e continha a se seguinte frase: «Este homem é um traidor, faça-o perecer.» Ignorando o perigo Belerofonte viajou para a Lícia. Quando chegou ao palácio, o rei ordenou que lhe preparassem um excelente festim, pois tratava-se do mensageiro de um amigo seu.





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