Ilíada - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 7 / 178

Do longínquo monte Olimpo, lar dos deuses imortais, Apolo ouviu-o e, tomado de ira divina, agarrou na sua aljava e no seu arco de prata e veio tão velozmente através do céu e do mar que até o próprio Sol ficou encoberto pela sua poderosa cólera. Colocou-se a uma certa distância do acampamento dos gregos e começou a alvejá-los com flechas afiadas e pestíferas. Abateu primeiro mulas, cavalos e cães, mas depois começou a atingir os homens e rapidamente a praia encheu-se de piras funerárias que ardiam incessantemente.

Ao longo de nove dias, o acampamento grego foi assolado pela peste; ao décimo, Aquiles, que era o mais jovem dos reis e príncipes da Grécia, resolveu convocar os outros chefes para uma reunião. Estando todos reunidos, ergueu-se e disse:

- Meus amigos, não há dúvida de que um dos deuses está zangado connosco. Se assim não fosses, não teríamos sido atingidos por uma praga destas. Devemos, sem mais demora, consultar um sacerdote, ou alguém entendido nestes assuntos, para nos inteiramos sobre qual dos deuses ofendemos com a nossa negligência, para que possamos oferecer-lhe sacrifícios. e aplacar a sua ira. Se não o fizermos, não viveremos o bastante para conquistar Tróia. Morreremos aqui na praia e não vingaremos o rapto de Helena.

Quando Aquiles acabou de falar, levantou-se Calcas, adivinho de grande renome, que sabia do presente, do passado e do futuro. Cheio de ardor, assim falou:

- Nobre Aquiles, posso revelar-te qual dos deuses que está descontente connosco e porquê. Mas, antes, jura que me protegerás, pois temo que um dos nossos, o melhor de todos os gregos, ficará aborrecido ao ouvir as minhas palavras. Promete-me ajuda e então falarei.





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