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Capítulo 1: I

Página 3

Ou o sol no poente lhe dourasse a fachada de granito, ou as ameias, que o coroavam, se desenhassem como negra dentadura no céu azul alumiado pela claridade matinal, era sempre melancólico e triste o aspecto daquela residência, sempre majestoso e severo.

Reparando mais atentamente, outros motivos concorriam ainda para fortalecer esta primeira impressão. O tempo não se limitara a colorir o velho solar com as tintas negras da sua paleta; derrocara-lhe aqui e além uma ameia ou um balaústre do eirado, mutilara-lhe a cruz da capela, desconjuntara-lhe a cantaria em extensos lanços de muro, abrindo-lhe interstícios, donde irrompia uma inútil vegetação parasita: e esta permanência de estragos, traindo a incúria ou a insuficiência de meios do proprietário actual, iniciava no espírito do observador uma série de melancólicas reflexões.

E se o movesse a curiosidade a indagar na vizinhança informações sobre a família que ali habitava, obtê-las-ia próprias a corroborar-lhe os seus primeiros e espontâneos juízos.

Os chamados Fidalgos da Casa Mourisca eram actualmente três. D. Luís, o pai, velho sexagenário, grave, severo e taciturno; Jorge e Maurício, os seus dois filhos, robustos e belos rapazes: o mais velho dos quais, Jorge, não completara vinte e três anos.

A história daquela casa era a história sabida dos ricos fidalgos da província que, orgulhosos e imprevidentes, deixaram, a pouco e pouco, embaraçar as propriedades com hipotecas e contratos ruinosos, desfalecer a cultura nos campos, empobrecer os celeiros, despovoar os currais, exaurir a seiva da terra, transformar longas várzeas em charnecas, e desmoronarem-se as paredes das residências e das granjas e os muros de circunscrição das quintas.

Filho segundo de uma das mais nobres famílias da província, D.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 3

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515