Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 24: XXIV Pág. 342 / 519

Vê lá. Pois nem eu te merecerei indulgência e contemplação?

- Demasiada contemplação me tem merecido até, e Deus sabe se por meu mal.

- Um calembourg ao que percebo. Bonito. Onde está aquele fiel Romeu de ainda agora? Se eu insistisse, era capaz de te arrancar uma declaração formal, estou vendo.

- Tem razão para zombar, prima, porém...

- Previno-te, Maurício, de que não vale a pena perder tempo comigo. Eu tenho uma maneira pronta e rasgada de tratar as coisas, que se não compadece com as longuras e alternativas de um galanteio a teu modo. Bem vês que já não sou criança de quinze anos, e que perdi a paciência dessa idade. Mas vamos almoçar, que nos estão chamando.

Durante o almoço, ao qual não assistiu D. Luís, a conversa resumiu-se em observações de crítica e análise culinária de frei Januário e nas glosas lacónicas de Gabriela, que pôs final à prelecção, levantando-se da mesa e ordenando que lhe aparelhassem a égua para um passeio.

Quando, momentos depois, descia ao pátio, apanhando a longa cauda do seu vestido de amazona, encontrou Maurício que parecia esperá-la para a ajudar a montar e porventura para lhe servir de jockey.

- Então que quer dizer isto? Encarregaste-te agora das funções de monteiro-mor? - perguntou-lhe Gabriela.

- Se me permite que desempenhe estas funções, muito me honrarei com elas.

- Quem pode recusar um oferecimento tão amável? Mas que me encontras tu de novo para me olhares com esses olhos?

- É porque efectivamente ainda a não tinha visto assim.

- Assim, como?

- Tão...

- Tão?...

- Com esses vestidos.

- Ai, ainda não? É verdade que ainda me não tinha dado para isso aqui. Então também ainda me não viste cavalgar?

- Ainda não.

- Olhem que descuido o meu! - disse





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