Vê lá, se achas que isso em ti é do coração...
- Não, ama, não. A resolução está tomada. Hei-de acabar com isto em mim, suceda o que suceder. Jurei
A ama tornou com maior veemência:
- E a mim é que se me importa com os teus juramentos! Ora veja eu o caso mal parado, e veremos o que por aí vai. Vou-me ter com o fidalgo... Na, na, na, na, escusas lá de bulir com a cabeça, que isso para mim não vale nada. Eu bem sei o que me pediu tua mãe à hora da morte. Deus a chame lá. Coitadinha! levou-vos atravessados no coração para a sepultura. Sabia o génio do pai e via-vos tão criancinhas!... «Ó ama - disse-me ela, e parece-me que ainda agora a estou a ouvir -, o que me não deixa morrer em sossego são estes três meninos». Vocês brincavam na outra sala: «Olhe-me por eles, ama, lembre-se de que ficam sem mãe». Ai! E eu que tanto gostava daquela senhora, havia agora de te ver assim consumido e ficar-me de braços cruzados? Pois sim, espera que logo.
- Ama, peço-lhe que não dê passo algum junto de meu pai sem me consultar.
- Ai, estava bem aviada se esperava pelo teu conselho. Olha agora!
- Veja que pode causar-me um grande mal, ama!
- Olha, eu só te digo uma coisa. Queres que eu me deixe ficar sossegada? Trata de me aparecer com outra cara. Senão, não te queixes.
Jorge, que conhecia por experiência os repentes da ama, ainda insistiu por muito tempo. Ela porém respondendo-lhe com evasivas, conseguiu separar-se sem haver prometido coisa alguma.
A Ana do Vedor seguiu por muito tempo com olhos tristes Jorge, que se afastava lentamente. Depois que o perdeu de vista na volta de um caminho, suspirou e foi murmurando:
- Nada, isto assim não vai bem. O rapaz está que faz pena vê-lo. Ainda se fosse com o irmão, era coisa que passava, mas com este!.