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Capítulo 4: IV

Página 48

- Sim, agora é o tempo das colheitas. Anda por aí tudo azafamado.

- Mas porque é, Sr. frei Januário, que nos campos da nossa casa não vejo o movimento dos outros?

A imprevista interpelação do adolescente ia entalando o padre.

- Causou-me sensação isto hoje - prosseguiu Jorge.

- Quem subir ao alto do outeiro da Faia, por exemplo, e olhar de lá, em roda de si, para o vale, pode marcar as propriedades da nossa casa; onde vir um campo quase maninho, um muro a cair, umas paredes negras, um aspecto de cemitério, tenha a certeza que nos pertencem esses bens.

- Não é tanto assim… É verdade que… meu rico filho, que quer? Depois que os homens do liberalismo tomaram conta deste país, as coisas mudaram. Quem não está por o que eles querem…

- Não vejo em que eles influam para isto, Sr. frei Januário. Quem nos impede de fazer o que os outros fazem? de cultivar os nossos campos? de pôr homens a trabalhar nessas terras incultas?

- O que os outros fazem, diz ele! Os outros… os outros… e quem são os outros? Uns miseráveis que eu conheci de pé descalço, a limpar os cavalos e a cavar nos campos desta casa.

- Tanto mais para admirar e para louvar o esforço que os tirou dessa posição humilde e os elevou àquela que hoje ocupam.

- Olhem que grande milagre! Homens que não devem respeito a si mesmos, para quem todo o trabalho está bem, como não hão-de enriquecer? Ora essa é muito boa!

- E os que devem respeito a si mesmos estão pois condenados à miséria?

- À miséria!… À miséria!… Que palavra! Ora para o que lhe deu hoje! Foi febre que se lhe pegou? Se ela anda por aí tão acesa! O menino ainda é muito criança para pensar nestas coisas. Coma e beba e…

As faces de Jorge tingiram-se de um rubor intenso, e redarguiu com energia e irritação:

- Não sou criança, frei Januário; acredite que o não sou.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 48

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515