- Ai menino, menino; isso não é seu! Aí anda doutrina liberal. Eu cheiro-a a distância de léguas. Então quando o senhor seu pai me honra com a sua confiança, é acaso justo, é acaso bonito que eu seja suspeitado e interrogado por uma criança que ainda nada sabe do mundo?
- E quando hei-de aprender? Querem-me estúpido, como esses morgados que por aí se arruínam?
- Mas que quer o Sr. Jorge afinal? Então não sabe que desde que os lavradores se fizeram fidalgos ninguém luta com eles? O dinheiro está de lá; para lá vão os trabalhadores, senhor. Ora é boa! Eu acho graça a certa gente!
- O dinheiro está de lá! Mas como conseguiram eles enriquecer? Pois não diz que eram uns miseráveis?
- Ah! então quer principiar como eles principiaram, cavando com uma enxada todo o dia e furtando à boca para juntar ao canto da caixa com o fim de comprar uns bois? etc., etc. Veja se quer.
- Não principiávamos de tão longe como eles, escusávamos de tantos sacrifícios. Bastava que olhássemos com atenção para o muito que temos ainda, e que tentássemos desenredar, a pouco e pouco, esta meada que nos enleia e que nos há-de afogar a todos.
- Ora é boa! E então o que é que eu faço, o que é que eu estou fazendo há quase trinta e oito anos em que o sr.