Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 4: IV Pág. 49 / 519

Tenho mais de vinte anos e estou resolvido a ser homem. Coro da minha ociosidade quando vejo que somente as nossas terras fazem vergonha à actividade deste povo. Tenho anos para viver, deveres de honra a cumprir, um nome para conservar sem mancha, e quero saber que futuro me preparam os gerentes da nossa casa, quero desviar a tempo de mim a tremenda responsabilidade de ser na minha família talvez o primeiro a faltar um dia aos seus compromissos. É por isso que falei e que desejo que me responda, Sr. frei Januário.

- Ai menino, menino; isso não é seu! Aí anda doutrina liberal. Eu cheiro-a a distância de léguas. Então quando o senhor seu pai me honra com a sua confiança, é acaso justo, é acaso bonito que eu seja suspeitado e interrogado por uma criança que ainda nada sabe do mundo?

- E quando hei-de aprender? Querem-me estúpido, como esses morgados que por aí se arruínam?

- Mas que quer o Sr. Jorge afinal? Então não sabe que desde que os lavradores se fizeram fidalgos ninguém luta com eles? O dinheiro está de lá; para lá vão os trabalhadores, senhor. Ora é boa! Eu acho graça a certa gente!

- O dinheiro está de lá! Mas como conseguiram eles enriquecer? Pois não diz que eram uns miseráveis?

- Ah! então quer principiar como eles principiaram, cavando com uma enxada todo o dia e furtando à boca para juntar ao canto da caixa com o fim de comprar uns bois? etc., etc. Veja se quer.

- Não principiávamos de tão longe como eles, escusávamos de tantos sacrifícios. Bastava que olhássemos com atenção para o muito que temos ainda, e que tentássemos desenredar, a pouco e pouco, esta meada que nos enleia e que nos há-de afogar a todos.

- Ora é boa! E então o que é que eu faço, o que é que eu estou fazendo há quase trinta e oito anos em que o sr.





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