O irmão mais novo da esposa, obedecendo ao entusiasmo de rapaz e à veemência de uma convicção sincera, sustentara com a pena, e mais tarde com a espada, a causa da ideia nova que tanto namorava os ânimos generosos e juvenis.
Sobre a bela e arrojada cabeça daquele adolescente pesaram as sombras das suspeitas e das vinganças políticas; e D. Luís, cego pela paixão, não duvidou em fazer-se instrumento delas.
Este era o irmão querido da esposa, que o fidalgo estremecia; mas nem as súplicas, nem as lágrimas dela puderam abrandar a força daquele rancor.
O imprudente moço viu-se perseguido, preso, processado, e em quase iminente risco de espiar, como tantos, no suplício, o crime de pensar livremente. Conseguindo, quase por milagre, escapar à fúria dos seus perseguidores, emigrou para voltar mais tarde nessa memoranda expedição que principiou em Portugal a heróica ilíada da nossa emancipação política.
Guerreiro tão fogoso como o fora publicista, o pobre rapaz não assistiu porém à vitória da sua causa. Ao raiar da aurora liberal, por que tanto anelava, caiu em uma das últimas e mais disputadas refregas daquela sanguinolenta luta, crivado de balas inimigas, sendo a sua última voz um grito de entusiasmo pela grande ideia, em cujo martirológio se ia inscrever o seu nome.
A morte deste entusiasta levou o luto e a tristeza ao solar de D. Luís. O coração amorável e extremoso da infeliz senhora recebeu então um golpe decisivo; das consequências daquela dor nunca mais podia ela convalescer. A sua vida foi depois toda para luto e para lágrimas.
Fez-se a paz, implantou-se no país a árvore da liberdade; D. Luís deixou então a vida da corte e veio encerrar no canto da província os seus despeitos, os seus ódios e os seus desalentos.