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Capítulo 38: Conclusão

Página 518

O contraste entre este viver e o de Jorge era completo.

Jorge era o verdadeiro proprietário rural, repartindo os seus criados entre a cultura e a administração dos seus bens, e os afectos e direcção de sua família. Abandonara pouco e pouco os hábitos de fidalguia, em que fora educado, e contraiu outros puramente burgueses.

A sua iniciativa, esclarecida pela inteligência e mantida por uma forte energia de carácter, apontava um exemplo salutar aos proprietários vizinhos, que já se animavam a segui-lo. Graças a este exemplo terminavam muitos prejuízos, esqueciam práticas rotineiras, que ainda hoje tolhem o progresso à nossa agricultura, aventuravam inovações já abonadas pela experiência de países mais cultos, e a que se opõem entre nós a ignorância e a timidez que nasce dela.

A vida inteira de Jorge era uma eloquente e severa lição para os proprietários rurais, que vivendo longe dos seus bens, consomem nos desperdícios da corte as magras rendas que eles, longe da solicitude do dono, lhes concedem; deixam assim a pouco e pouco extenuar a terra e definhar-se a propriedade nas mãos de caseiros ávidos, que, tendo o futuro ligado a ela, a sacrificam ao bem do presente, que é o único com que podem contar.

Assim aprendessem nessa lição tantos que deveriam segui-la, e talvez que a riqueza do país se desentranhasse do solo, onde ainda está enclausurada, surgindo à luz para nos apresentar aos olhos de outras nações dignas da nossa época e do tracto de terra que ocupamos na Europa.

Pela sua parte, Jorge, realizando na propriedade a incorporação do capital, do trabalho e da inteligência, e mostrando até que ponto essa aliança é fecunda, podia bem dizer que havia cumprido a lenda da Casa Mourisca. Fora ele quem desenterrara do solo o tesouro escondido.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 518

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515